Por Carlos Alberto Correa (Diretor Executivo da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap))
Com a taxa de juros no menor patamar histórico, em 4,25%, a expectativa do governo é acelerar o ritmo de crescimento da economia, cuja retomada vem ocorrendo, porém de maneira gradual. Inflação baixa e sob controle também contribui para esse processo. Estou tocando nesse assunto porque, com esses indicadores, os títulos de capitalização ganham ainda mais atratividade.
Opção segura e acessível a pessoas com vários perfis de consumo e renda, além de contribuir para desenvolver o hábito de juntar dinheiro, os títulos tornam essa jornada mais leve - por permitir iniciar uma reserva com valores bem pequenos, em média, R$ 28 reais mensais, preço de um único hamburguer com refrigerante - e divertida.
Sim, divertida! Quem não gosta de participar de sorteios? Quem não gosta de sonhar e contar com a possibilidade concreta de realizar sonhos e projetos de vida? A nossa realidade é a seguinte: a maior parte da população assalariada - e a parcela que está na informalidade – tem muita dificuldade de guardar dinheiro. Seja porque o orçamento é muito apertado, seja por falta de educação financeira. A renda média mensal de 60% dos trabalhadores brasileiros — o correspondente a 54 milhões de pessoas empregadas com carteira assinada ou na informalidade — foi menor que um salário mínimo em 2018 (R$ 928,00). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), que trata de todas as fontes de rendimento (Agência Globo, com dados do IBGE, out/2019).
Outros indicadores do IBGE (out/2019), apresentados na Síntese de Indicadores Sociais (SIS), apontam que um quarto da população brasileira, ou 52,5 milhões de pessoas, ainda vivia com menos de R$ 420 per capita por mês, em 2018. Por isso, os títulos de capitalização são, sim, uma alternativa para ajudar as pessoas a formar uma reserva, para emergências ou não – e a contar com a perspectiva de ganhar um dinheiro a mais por meio dos sorteios. Alguns especialistas financeiros, especialmente aqueles responsáveis pela gestão de grandes carteiras de investimento, costumam torcer o nariz para os títulos de capitalização, e até mesmo desaconselhar a sua aquisição, sob o argumento de que os produtos não oferecem rentabilidade.
Essas manifestações nos parecem descoladas da realidade. Esquecem esses especialistas que parcela expressiva da população, – como aponta o IBGE – infelizmente, não dispõe de recursos ou informações suficientes para operar no sofisticado mercado financeiro. Os títulos, ao contrário, podem ser adquiridos de maneira segura e sem burocracia, devolvem 100% do valor pago ao fim da vigência e oferecem, dependendo da modalidade, dezenas, centenas de chances de sorteio. É, com certeza, uma forma de se educar financeiramente, mesmo dispondo de pouco dinheiro no bolso, de maneira leve e divertida.