Começa a ganhar a atenção da sociedade um tema essencial para ampliação do bem-estar das famílias brasileiras: a gestão das finanças pessoais. Ainda que a relação das pessoas com o dinheiro se desenvolva, em geral, desde a infância, isso não significa, automaticamente, que todos saberão lidar com o dinheiro da melhor forma ao longo da vida. Neste mês em que se comemora o Dia das Crianças, vale fazer uma reflexão sobre o tema. Elas aprendem rápido e é mais fácil desenvolver hábitos saudáveis nessa fase do que mudar o comportamento de adultos. Questões como a dificuldade de realizar sonhos, o consumo pouco consciente e o endividamento, tão comuns nos nossos tempos, refletem a ausência de conhecimentos e informações capazes de garantir a gestão adequada dos orçamentos pessoais e familiares, comprometendo seriamente a qualidade de vida. Essas informações ainda não estão facilmente acessíveis nas escolas, no ambiente familiar, nos grupos sociais ou mesmo nas empresas.
Mais recentemente, iniciativas privadas e públicas, como a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), têm atuado de maneira efetiva para reverter essa situação. Não é tarefa simples, pois o mundo das finanças se tornou mais complexo e o conhecimento da sociedade sobre esses temas não evoluiu na mesma medida. A ausência de conhecimento, associada a fatores conjunturais como o desemprego elevado, a retração da renda e o fraco desempenho da economia agravam o cenário. Basta ver os números da última pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor: em setembro, o total das famílias que se declararam endividadas ficou em 61,5%, o maior índice desde 2013. Desse total de famílias endividadas, 24,5% disseram não ter condições de quitar débitos. A inadimplência em setembro ficou em 9,6%, acima do índice de agosto (9,5%) e ligeiramente inferior a setembro do ano passado (9,9%).
Não gastar mais do que tem é um ensinamento básico na trajetória da educação financeira, especialmente no caso das crianças. Mas como esperar isso dos pequenos se os próprios pais, muitas vezes, não sabem como lidar com o próprio orçamento? O desafio é grande, mas é fundamental um amplo engajamento da sociedade – incluindo governos, empresas e famílias nessa direção. É preciso estimular o consumo consciente, desenvolver na população o hábito de guardar dinheiro e oferecer instrumentos para que as pessoas consigam planejar as finanças pessoais e passem a utilizar esses conhecimentos como forma de alcançar mais bem-estar. Desde cedo. Os títulos de capitalização da modalidade Tradicional, por exemplo, são soluções que ajudam a desenvolver o hábito de guardar dinheiro de forma simples e lúdica e funcionam muito bem com jovens. A partir de 16 anos já é possível adquirir um título e começar a administrar o dinheiro, digamos, de maneira"divertida": participando de sorteios. Quem não gosta de concorrer a prêmios? O titulo de capitalização, pela sua simplicidade e baixo custo - o valor de um cafezinho por dia - funciona como uma porta de entrada para o mundo das finanças e pode ajudar não só os jovens, mas também os adultos que não têm disciplina financeira, a mudar de comportamento e - por que não dizer - de vida. Para melhor.
Carlos Alberto Corrêa é diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap)